quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Barbudo

Encontrei o Barbudo numa esquina cheia de gente. Imaginei que fosse gente comum dessas que a gente encontra num tarde de domingo, aperta a mão, beija o rosto e vê depois de dois anos. O Barbudo não tem nada de comum com os outros meninos de barba no mundo afora.
Estava incomodado mas mesmo assim, eu queria conhecê-lo. Foi eu quem puxei papo primeiro.

- Não faça essa cara, assim eu não terei coragem de te me aproximar um pouco mais.

- Apenas estou esperando meus amigos. Não há nada demais. - Ele disse sem muito interesse.

- Então terei cuidado para não falar putaria e fazer bonito na frente dos seus amigos; falei de brincadeira.

- Se você não falar putaria não será bem vista pelos meus amigos. Ele disse com um sorriso maroto nos lábios típico de um garoto de 10 anos que acaba de zerar um jogo eletrônico.

- Ah... ser mulher é tão difícil. Não aguento mais fazer pose para você prestar atenção em mim. Cansei. Posso me sentar aqui? Brinquei.

- Sem problemas, moça. Sorriu

- Nesse seu encontro só vai rapazes? Perguntei com interesse.

- Infelizmente sim.

- Me leva pra tomar pinga? Estou precisando falar besteira.

- Que proposta indecente, moça. Eu sou um rapaz de respeito! Ele sorriu.

- Ah... desculpe, eu não quis te assustar. É que eu não posso mais ligar para o namoradinho que meu irmão me arranjou, as coisas ficaram um pouco estranhas depois do nosso último encontro.

- E o que tem a minha saída a ver com isso? Ele quis saber.

- Quê que tem que eu vou ficar com cara de bunda. Simples assim. (Eu não sei como eu consegui dizer isso. Alôô, eu sou tímida, lembra?)

- Não ficar com cara de bunda. Mas me diz, o você aprontou? Digo... o que houve entre você e o amigo do seu irmão? Ele perguntou com curiosidade.

- Eu liguei para ele e marcamos de sair. Ficamos de ir numa pastelaria. Eu cheguei primeiro e ele estava demorando, por isso decidi tomar uma água de coco. Depois ele chegou e eu tomei dois sucos de laranja enquanto ele comia pastel. Na hora de ir embora, eu estava muito, muito apertada e ele ficou dando voltas de carro pela cidade antes de me deixar. Ficou dizendo o quanto é legal ter uma amiga como eu, sobre todos os defeitos da mãe dele... teve uma hora em que eu não aguentei mais e pedi pra ele me levar em casa.

"Mas porquê? Tem alguém te esperando?" Poxa, porque homem tem que ser tão inseguro? Fui sincera, não dava pra dizer outra coisa que não fosse: "porque eu quero fazer xixi". Se eu tivesse ido a pé seria mais produtivo, ele ficou me castigando o filha-da-mãe.

- Eu não sou tão inseguro. Mas isso deve ser um bom sinal. Se ele não se importasse não perguntaria. No mínimo ele queria te pegar. Ele completou.

- Não acredito. Ele não saiu da segunda marcha e ficou dizendo "Eu abro a porta e você faz ali, em pé." Vou te ser sincera, mulher não foi feita para fazer xixi em pé. Ele só apertou o pé quando eu disse que ía fazer xixi no carro dele.

- Tá vendo? Deveria ter dito antes assim não passava por tantas emoções. Ele sorriu. Tá, aí vocês brigaram porque você disse que mijaria no carro dele.

- Mulher não mija, faz xixi. E nós não brigamos, apenas ficou aquele clima. Agora ele sabe que eu faço xixi; o namorado ou candidato a namorado não deve saber que a menina faz xixi até o terceiro mês de namoro. Sabe aquela coisa de soltar pum na frente da namorada? É mais ou menos isso.

- Ah, mas quando se é amigo ou quase namorado a gente não liga muito pra xixi. Mulher pode fazer xixi. Não pode pum, não. Homem imagina que mulher faz cocô como hamster, saber como? Imaginar a Juliana Paes no trono chega a ser um pesadelo.

- A Juliana Paes tem cara de quem tem problema de intestino preso. Geralmente quem tem intestino preso tem hemorróida.

- Pára. Isso é tortura psicológica.

- Sei como é duro, amigo. Senti isso quando descobri que Papai Noel não existia, coelhinho da Páscoa foi invenção do comércio...

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